quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Seminários Temáticos



A República fardada

Apesar do golpe militar promovido em 1964, os movimentos dos estudantes e dos trabalhadores continuaram atuantes e criaram uma situação de contestação aberta ao regime, até dezembro de 1968, quando foi decretado o AI-5, que cassou todos os direitos do cidadão, inclusive o de manifestação. Esses movimentos foram então tirados da cena à força da violenta repressão colocada em prática pelos militares. Entretanto, surgiram os movimentos armados (rurais e urbanos) de contestação ao regime, pois essa foi a única alternativa encontrada por muitos grupos or­ganizados para protestar.

Os seqüestros (que visavam trocar prisioneiros do regime pelo seqüestrado) e os roubos a bancos (para sustentar as ações contra o regime) foram as ações mais utilizadas nas cidades. No campo, foram montados movimentos de guerrilheiros que procuravam organizar a população para fazer frente ao regime militar - o mais conhecido é a Guerrilha do Araguaia, apoiada pelo Partido Comunista do Brasil (PC do B). A repressão aos movimentos armados ocorreu de modo extensivo e cruel.

Após o governo de Ernesto Geisel, de acordo com o projeto dos militares de fazer um retorno à democracia de modo lento e gradual e sob vigilância, foram organizados grandes movimentos políticos pela democratização da sociedade: o movimento pela anistia, que resultou na assinatura da Lei de Anistia pelo presidente-general João Baptista Figueiredo, em 1979; o movimento Diretas Já, entre 1983 e 1984, pelas eleições diretas, que não foram aprovadas pelo Congresso Nacional, e o movimento pela Constituinte, entre 1985 e 1986, que conseguiu a aprovação de instauração de uma Assembléia Constituinte a partir de 1986.

Nessa fase também foram importantes outros movimentos, que se caracteri­zaram pela resistência ao regime e pelas propostas que permitiram um grande avanço democrático os anos seguintes. Destacam-se, entre eles, os movimentos grevistas em São Paulo, principalmente no chamado ABCD (Santo André, São Bernardo, São Caetano e Diadema), região que concentrava o maior parque industrial do Brasil e, portanto, o maior número de trabalhadores industriais. Eles questionavam não só as condições salariais e de trabalho, mas também a legislação que não permitia a livre organização dos trabalhadores e o direito de manifestação. Desses movimentos nasceram a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e, logo depois, o Partido dos Trabalhadores (PT).

No campo, desempenhou importante papel no questionamento da situação da terra no Brasil e no enfrentamento do regime militar o Movimento dos Traba­lhadores Rurais Sem Terra (MST). Organizado no Sul do país, a partir de 1979, com apoio de parte da Igreja Católica (Pastoral da Terra), do PT e da CUT, o MST tinha como objetivo fundamental criticar a estrutura da propriedade da terra no Brasil (onde o latifúndio é dominante) e as condições de vida dos trabalhadores rurais. Suas ações foram mais marcantes no período seguinte.

Além desses movimentos surgiram outros, como o Movimento contra o Custo de Vida (MCV), criado em 1973, em São Paulo, e ativo por vários anos. O MCV chegou ao fim com o Plano Cruzado (1986), que reduziu por pouco tempo os preços dos alimentos.

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