OS MOVIMENTOS SOCIAIS NO BRASIL
Há registros
de movimentos sociais no Brasil desde o primeiro século da colonização até
nossos dias. Esses movimentos demonstram que os que viviam e os que vivem no
Brasil nunca foram passivos e sempre procuraram, de uma ou de outra forma,
lutar em defesa de suas idéias e interesses.
Lutas no período colonial
Durante o
período colonial (1500-1822), os movimentos sociais mais significativos foram
os dos indígenas e os dos africanos escravizados. Além disso, ocorreram vários
movimentos políticos, dois deles pela independência do Brasil.
Os povos
indígenas lutaram do século XVI ao século XVIII para não ser escravizados e
para manter suas terras e seu modo de vida.
Os escravos
africanos também não ficaram passivos diante das condições em que viviam. A
principal forma de resistência eram as revoltas localizadas e a formação de
quilombos, que existiram do século XVII até o fim da escravidão.
Os quilombos
se estruturaram em várias partes do Brasil. O maior e mais significativo foi o
de Palmares, que se localizava no atual estado de Alagoas. Ele começou a se
formar por volta de 1630 e foi mantido até 1694, e teve de 20 a 30 mil
habitantes. Mas outros grandes quilombos se formaram em diferentes épocas e
lugares da colônia.
Além dos
movimentos dos indígenas e dos escravos, ocorreram no Brasil colonial dois
movimentos pela independência em relação a Portugal: a Inconfidência Mineira
(1789-1792) e a Conjuração Baiana (1796-1799). Ambos tinham por base as idéias
disseminadas pela Revolução Francesa, mas havia diferenças em seus objetivos.
Os inconfidentes mineiros propunham a independência e um governo republicano,
mas não o fim da escravidão. Já os conjurados baianos defendiam a independência
e o fim da escravidão, um governo republicano, democrático, com liberdades
plenas, o livre comércio e a abertura dos portos. Esses movimentos foram
reprimidos de modo violento e seus líderes, presos, degredados ou enforcados.
Revoltas regionais, abolicionismo e republicanismo
No período
imperial, entre 1822 e 1889, ocorreram movimentos pelo fim da escravidão e
contra a monarquia, tendo como objetivo a instauração de uma república no
Brasil ou a proclamação de repúblicas isoladas.
Todos esses
movimentos foram reprimidos violentamente, com muitas mortes e prisões. A
idéia do governo em vigor era torná-Ias exemplos a não seguir.
Durante o
Império ocorreram ainda movimentos em que se lutou por questões específicas,
contra as decisões vindas dos governantes, percebidas como autoritárias. Em
1851, por exemplo, alastrou-se por várias províncias do Nordeste a chamada
Revolta Ronco da Abelha, contra o decreto que exigia o registro civil de
nascimentos e óbitos. Dizia-se que essa era uma forma de escravizar os
recém-nascidos. Outro exemplo é a Revolta do Quebra-Quilos, que começou na
Paraíba em 1874 e se espalhou por todo o Nordeste, contra as arbitrariedades
dos cobradores de impostos e contra os novos padrões de pesos e medidas de
acordo com o sistema decimal. Também aconteceu em várias províncias do Nordeste,
em 1875, a Revolta das Mulheres, contra um decreto que alterava a forma de
recrutamento para o serviço militar.
Além das
revoltas regionais, dois grandes movimentos sociais, a partir de 1850,
alcançaram âmbito nacional: o movimento abolicionista e o republicano. Eles se
desenvolveram paralelamente, mas com composições diferentes, e foram
fundamentais para a queda do Império e a instauração da República no Brasil.
O movimento
abolicionista agregou políticos, intelectuais, poetas e romancistas, mas também
muitos negros e pardos libertos. Cresceu lentamente, pois sofria a oposição dos
grandes proprietários de terras e escravos. Por isso, quando finalmente ocorreu
a abolição, os ex-escravos foram deixados à própria sorte, o que criou uma
questão social que até hoje está presente no país.
O movimento
republicano foi dominado pelos segmentos mais ricos da sociedade. A organização
buscava uma nova forma de acomodar os grupos que desejavam o poder sem a
presença do imperador e da monarquia. Houve a participação de liberais que
defendiam uma república democrática, mas eles foram afastados e os
conservadores se apossaram do poder.
Tanto o
movimento abolicionista quanto o republicano utilizaram a imprensa e a
discussão em vários níveis sociais; ambos conseguiram seus objetivos ao mesmo
tempo, de tal modo que o fim da escravidão no Brasil, em 1888, abriu as portas
para a implantação da República, em 1889.
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